Sociedade Amigos de Copacabana
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COPACABANA, COMO TUDO COMEÇOU...

Conheça um pouco da história de Copacabana.

Na época em que ainda era habitada apenas por índios, toda a região que abrangia de Copacabana à atual Lagoa Rodrigo de Freitas, incluindo Ipanema e Leblon, era chamada por eles de Socopenapã, topônimo resultante da contração dos vocábulos de origem tupi socó-apê-nupã, empregados pelos índios para designar "o caminho dos socós".

Então abundante na região, o socó é uma espécie de ave pernalta que tem como habitat terrenos alagadiços, rios, igapós e lagoas como a existente no local. Grafado erradamente como Sacopenapã, neologismo adotado por sucessivas referências históricas, a expressão deu nome ao parque no aterro da margem norte da Lagoa (no trecho entre o Clube de Regatas Piraquê e a entrada do Túnel Rebouças) e sua corruptela mais recente Sacopã, por sua vez, denomina a rua íngreme que tem início na rua Fonte da Saudade e sobe o Morro dos Cabritos.

A denominação Sacopenapã persistiu até o século XVII, quando peruleiros - mercadores bolivianos e peruanos que vieram para o Brasil comercializar objetos de prata - trouxeram para o Rio de Janeiro uma réplica da imagem da Virgem de Copacabana, santa venerada pelos habitantes da península ao sul do Lago Titicaca, na fronteira entre a Bolívia e o Peru. Os pescadores que habitavam o lugar erguem então uma capelinha sobre a rocha, na qual a santa é entronizada, dando início ao culto a Nossa Senhora de Copacabana, que dá nome ao lugar.

Copacabana significa "Mirante do Azul", na língua falada pelos quíchuas, descendentes dos incas que habitavam a região da qual foi trazida a imagem. Em 1738 o santuário, situado sobre uma pedra na extremidade da praia onde hoje é o Posto Seis, encontrava-se então em ruínas. Salvo de um naufrágio numa viagem de regresso a Angola, milagre que atribui a Nossa Senhora de Copacabana, o bispo Dom Frei Antônio do Desterro promete reconstruir a capela em homenagem à santa, erguendo em 1746 uma igrejinha no mesmo lugar da antiga ermida. A igrejinha passa a atrair a devoção de pescadores e fiéis, tornando-se local de veneração e romarias durante quase 170 anos, quando é demolida (1914) para dar lugar ao Forte de Copacabana (hoje Museu Histórico do Exército).

Durante muitos anos, as terras arenosas e de vegetação baixa de Copacabana permaneceram desabitadas, devido às dificuldades de acesso por via terrestre. Somente iam até lá os que se dispunham a enfrentar uma longa jornada através das trilhas sinuosas rasgadas entre os morros que separavam o lugar de Botafogo, embora desde o século XVIII a região já estivesse integrada ao sistema defensivo marítimo da Cidade, com a construção do Forte do Vigia (1770), no alto do morro do Leme (280m), e do Reduto de Copacabana, sobre a rocha no local das atuais ruas Rodolfo Dantas e Inhangá. Essas fortificações atendiam à necessidade de proteger a Cidade de novas incursões de invasores franceses, holandeses e ingleses. No local do Forte do Vigia encontra-se hoje o Forte Duque de Caxias.

Na extremidade oposta da Ponta de Copacabana, a sudoeste do local onde foi erguida a igrejinha, ficava a Ponta do Arpoador, rocha conhecida por esse nome devido à pesca de baleias, cujo óleo era então largamente utilizado para iluminação das ruas e outras finalidades, vindas das frias águas ao sul. Por volta de 1858, a notícia de que duas enormes baleias brancas jaziam nas areias de Copacabana desperta a curiosidade das pessoas, começando a atrair a atenção dos habitantes da Cidade para a afastada praia, cuja principal via de acesso era então a Ladeira do Barroso (hoje Tabajaras), construída em 1855.

Antes mesmo da Proclamação da República, que tirou de São Cristóvão o status de local de residência da Família Imperial, Botafogo já era incontestavelmente o bairro mais procurado pela aristocracia e por todos os que possuíam fortuna. O estilo de vida dos mais abastados passara a associar uma noção de modernidade à posse de mansões em frente às magníficas enseadas da Zona Sul, razão pela qual, desde meados da década de 1880, a Companhia Ferro Carris do Jardim Botânico (CFCJB) pleiteava - pretensão partilhada pela influência de pessoas importantes como o Barão de Ipanema - estender suas linhas de bonde até Copacabana.

A renovação do contrato de concessão da CFCJB (1890) e a sua subsequente associação com o grupo de empresários da recém constituída Empreza de Construcções Civis (1891) resulta então na perfuração do Túnel Alaor Prata (Túnel Velho) no final da rua Real Grandeza, em Botafogo, pelo engenheiro José de Cupertino Coelho Cintra, considerado "o pai de Copacabana". é essa parceria que viabiliza a instalação dos trilhos e possibilita a chegada dos primeiros bondes, de tração animal, até a atual Praça Serzedelo Correia.

A primeira linha é inaugurada em 6 de julho de 1892, dando início à ocupação de do bairro de Copacabana, um paraíso cuja natureza ainda estava intacta, e integrando-o à Cidade que há apenas três anos deixara de ser a capital de um Império e assistiu ao exílio do seu Imperador. "Um imenso areal repleto de cajueiros e pitangueiras", como era descrito o lugar até o final do século XIX, começa então o seu inexorável processo de transformação em Copacabana, "a Princesinha do Mar".

Aberto o caminho para a ocupação, tem início o loteamento de terrenos. Em 1894, os trilhos dos bondes já atravessam metade do bairro, seguindo à direita pela praia e chegando até a Igrejinha, possibilitando a abertura de novas ruas. Datam dessa época Souza Lima, Sá Ferreira, Constante Ramos, Guimarães Caipora (atual Bolívar), Barão de Ipanema, Domingos Ferreira e outras, além do planejamento de inúmeros loteamentos. O ramal do Leme é inaugurado em 1900. Em 1903, bondes já movidos à eletricidade circulam por todo o novo bairro, da Igrejinha ao Leme.

A partir da remodelação urbana do prefeito Pereira Passos, obras de envergadura estendem-se além do Centro e da Avenida Beira-Mar. A perfuração do Túnel Novo, em 1906, facilita a integração do novo bairro à Cidade, encurtando o acesso à distante região do Leme e aumentando a demanda por terrenos. No mesmo ano, o início da construção da Avenida Atlântica - de início modesta, com apenas seis metros de largura - acrescenta extraordinário estímulo à incorporação de novos loteamentos, impulsionando ainda mais as vendas de terrenos e incentivando a ocupação de novas áreas.

Em poucos anos Copacabana passa a dispor de ampla infra-estrutura de serviços públicos: água, esgoto e iluminação a gás. A rápida urbanização valoriza a região, estimulando a construção de um sem número de casas e mansões. Em 1918, o bairro já apresenta configuração definida, com características residenciais. Tem 45 ruas, uma avenida monumental, dois túneis e quatro praças. Os dois trechos da Avenida Copacabana são interligados e em 1919 uma Avenida Atlântica duplicada e remodelada por Paulo de Frontin ganha moderno sistema de iluminação, que à noite a transforma em um "gigantesco colar de pérolas".

Nas duas primeiras décadas do século XX o bairro se consolida. No censo de 1920 sua população era de 22.761 habitantes. Em 1922, Copacabana alcança as manchetes nacionais, no célebre episódio do tenentismo conhecido como "Os Dezoito do Forte". No ano seguinte é brindada com a sua mais preciosa jóia arquitetônica, o Copacabana Palace, primeiro arranha-céu do bairro, um luxuoso edifício em estilo francês digno das mais avançadas metrópoles do mundo.

Em 1931 já existem vários prédios de apartamentos. A cultura e a boemia carioca, restrita até os anos 40 à Lapa e Cinelândia, no Centro da Cidade, tomam o rumo da Zona Sul. O bairro torna-se "chic" e ganha ares sofisticados, atraindo um comércio elegante. Instalam-se na região importantes galerias de lojas, restaurantes finos, cinemas luxuosos e bares da moda, além das famosas boates, cassinos e night-clubs que marcaram época.

Copacabana passa a ofuscar o Centro e os demais bairros da Cidade, atraindo personalidades e turistas do mundo inteiro e ganhando projeção internacional.

Cresce vertiginosamente o bairro que será o futuro berço da bossa nova, do colunismo social, dos cassinos Atlântico e Copacabana, dos centros comerciais, dos concursos de miss, dos shows internacionais, da boate Vogue, do Sacha's, do Flag's, do Le Bateau, do Beco das Garrafas, dos guarda-sóis coloridos, das pipas na areia, do futebol de praia, do jogo de peteca, do frescobol e do futevôlei, dos calçadões com desenhos ondulados e de tantas outras novidades.

Torna-se o lugar da moda, o palco de eventos históricos, o cenário de inúmeros filmes e o tema de clássicos da música. Ultrapassando fronteiras e alcançando fama mundial, o Mirante do Azul transforma-se na mítica Princesinha do Mar. Constituindo-se em importante mercado de trabalho, o bairro passa a atrair grande quantidade de mão-de-obra barata. A partir da década de 1930, a ocupação de terrenos íngremes - que teve início com as reformas do prefeito Pereira Passos, ainda nas primeiras décadas do século XX - acentua-se dramaticamente, principalmente nos morros da Babilônia, Leme, Cantagalo e Pavão, formando comunidades de populações de baixa renda. Ao lado da proliferação de edifícios com quitinetes e apartamentos conjugados com áreas mínimas, segmentos de populações carentes e imigrantes ocupam irregularmente as encostas dos morros.

Nas décadas de 1940 e 1950, o bairro acelera seu processo de verticalização e adensamento populacional, facilitado pela liberação dos gabaritos das edificações, em 1946, para oito a 12 andares. Em 1950, Copacabana já é um importante subcentro e apresenta autonomia em relação ao Centro da Cidade. Entre 1945 e 1965 sua população quase dobra. Atraindo boa parte do comércio e do lazer de outras áreas, especialmente da região central, onde se concentrava a vida noturna da Cidade, o bairro transforma-se em uma verdadeira "cidade dentro da cidade".

A partir de meados da década de 1960, tomado por edificações de arquitetura pobre e caráter meramente especulativo, resultado de uma política de especulação imobiliária que visa unicamente à acumulação de capital, o bairro começa a perder prestigio e seus serviços deterioram-se. No início dos anos 70 já se nota um arrefecimento na explosão imobiliária. O congelamento dos aluguéis desestimula ainda mais a compra de habitações para renda. O período 1960-70 fica marcado por grandes investimentos no setor viário e pela realização de importantes intervenções, como a abertura dos túneis nas ruas Tonelero (Túnel Major Rubens Vaz) e Barata Ribeiro (Túnel Prefeito Sá Freire Alvim).

Na década de 1970, a Avenida Atlântica e a Praia de Copacabana são ampliadas - obras que exigem um imenso volume de aterro - ganhando um amplo canteiro central e um calçadão no lado edificado, com projeto paisagístico de Roberto Burle Marx. Em 1976, tem início os festejos do Réveillon, famosa festa de final de ano, considerada a maior do planeta, atraindo milhões de turistas do Brasil e de todas as partes do mundo para suas areias, com a deslumbrante queima de fogos.

Copacabana e Leme apresentam hoje feições modernas, após as obras do programa municipal Rio Cidade, com calçadas redesenhadas, iluminação especialmente projetada e ciclovias e quiosques ornando a praia. E não obstante o processo de emigração que vêm experimentando, inverso ao adensamento ocorrido até a década de 1970, os dois bairros apresentam índices de longevidade situados entre os mais altos da Cidade, além de uma das maiores concentrações de idosos do país, dados que evidenciam a qualidade de vida dos seus habitantes.